No último dia 8 de abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou uma resolução que veta o uso de bloqueadores hormonais em crianças trans em início de puberdade e eleva para 18 anos a idade mínima para a terapia hormonal cruzada. A medida tem sido duramente criticada por especialistas, ativistas e famílias, que denunciam seu caráter transfóbico, classificando-a como um ataque direto aos direitos e à dignidade de crianças e adolescentes trans em todo o país.
A vereadora Ingrid Sateré Mawé, reconhecida por sua atuação firme em defesa dos direitos humanos e da infância, se posicionou frontalmente contra a decisão do CFM. “Essa resolução não só invisibiliza a existência de crianças e adolescentes trans, como também as expõe a mais sofrimento, preconceito e abandono. É inaceitável. O CFM escolheu o lado da intolerância, e nós vamos resistir”, afirmou a parlamentar.
De forma combativa, mas com o afeto que sempre orienta sua política, Ingrid declarou apoio público às famílias atingidas pela medida e estará ao lado delas em todas as instâncias, inclusive jurídicas, para revogar o que chama de “resolução da negação”. “Não vamos naturalizar essa violência disfarçada de normatização. Vamos apoiar os pais, como o Diogo, e as crianças, como a pequena V, que hoje tem 9 anos e já sente na pele os efeitos do preconceito institucionalizado. Essa luta também é minha”, garantiu a vereadora.
Famílias de norte a sul do Brasil vêm se mobilizando. No dia 24 de abril, centenas de pais, mães e crianças participaram de um protesto nacional contra a decisão do CFM, com atos registrados em diversas capitais, como Florianópolis, São Paulo, Brasília e Recife. Mesmo diante dessa mobilização massiva e pacífica, até o momento nenhuma resposta oficial foi dada pelo Conselho ou por órgãos do governo federal. O silêncio institucional escancara o desprezo pelas vidas trans em formação.
Diogo Leal, pai da menina trans V, compartilhou a angústia de ver o futuro da filha ameaçado por decisões arbitrárias que ignoram recomendações médicas e o bem-estar psicológico de jovens trans. Segundo ele, a possibilidade de acesso ao bloqueio hormonal seria uma forma de proteção e afirmação da identidade da filha. “Não se trata de ideologia, mas de sobrevivência. A resolução do CFM nega a existência da minha filha”, disse.
Enquanto algumas famílias já se organizam para entrar com ações judiciais — processo demorado e custoso — Ingrid defende a mobilização política nas ruas e nos parlamentos. “Não vamos esperar a justiça se arrastar. Vamos à luta! O movimento trans sempre conquistou seus direitos com coragem, organização e amor. Agora, é hora de unirmos forças mais uma vez para garantir que nossas crianças cresçam livres, respeitadas e vivas.”
A vereadora também destacou a importância de fortalecer os ambulatórios trans, garantir apoio psicológico às famílias e construir políticas públicas que reconheçam a diversidade desde a infância. “Toda criança merece ser amada e reconhecida por quem é. E toda família merece ser apoiada, não punida, por acolher seu filho ou filha com respeito.”